Kyiv:
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na quinta-feira que seria “suicida” a Europa oferecer concessões ao Kremlin para impedir a invasão da Ucrânia, depois de Moscou ter exigido que o Ocidente iniciasse negociações diretas sobre o fim da guerra.
Kiev está a lutar para aumentar a pressão sobre os seus aliados por mais apoio na sua luta contra Moscovo, após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA desta semana.
Trump gabou-se de poder pôr fim ao conflito em poucas horas e criticou repetidamente a ajuda americana a Kiev.
O presidente russo, Vladimir Putin, exigiu que a Ucrânia cedesse mais áreas de território no leste e no sul como pré-condição para negociações de paz, enquanto Kiev descartou repetidamente a possibilidade de ceder qualquer terra a Moscovo em troca de paz.
A Ucrânia e muitos no Ocidente temem que qualquer acordo que recompense Putin apenas encorajaria o líder do Kremlin e levaria a mais agressão.
Falando aos líderes europeus numa cimeira na Hungria, Zelensky criticou aqueles que o pressionavam para ceder a algumas das exigências linha-dura de Putin.
“Tem-se falado muito sobre a necessidade de ceder a Putin, de recuar, de fazer algumas concessões”, disse Zelensky, segundo uma cópia do discurso fornecido à AFP pela presidência ucraniana.
“É inaceitável para a Ucrânia e suicida para toda a Europa”, acrescentou.
Ele também criticou alguns líderes europeus, sem especificar quem, por pressionarem “fortemente” a Ucrânia a um compromisso.
“Precisamos de armas suficientes, não de apoio nas negociações. Abraços com Putin não vão ajudar. Alguns de vocês o abraçam há 20 anos e as coisas só estão piorando”, disse Zelensky.
‘Escolha’
A Rússia exigiu na quinta-feira que os aliados de Kiev iniciassem negociações com Moscou se quiserem deter os ataques brutais aos ucranianos.
O chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, disse que o Ocidente enfrenta uma escolha entre abrir negociações diretas com Moscou ou a contínua “destruição” da população da Ucrânia.
“Agora, quando a situação no teatro de combate não está a favor de Kiev, o Ocidente enfrenta uma escolha”, disse Shoigu numa reunião com autoridades de defesa de outros antigos estados soviéticos.
“Continuar a financiar (Kiev) e a destruição da população ucraniana ou reconhecer as realidades atuais e começar a negociar”, disse o ex-ministro da Defesa.
Esses foram os primeiros comentários de uma autoridade russa desde que foi confirmado que Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
Zelensky disse anteriormente que sem a ajuda dos EUA, a Ucrânia perderia a guerra.
O seu exército, com menos efetivos e armas, já está em desvantagem na região oriental de Donbass, onde as forças russas avançam lentamente há meses.
Moscou disse na quinta-feira que suas forças tomaram o controle de Kreminna Balka, uma vila que tinha uma população pré-guerra de menos de 50 pessoas na região industrial de Donetsk, onde as defesas ucranianas foram recuadas repetidas vezes.
Enquanto isso, a Ucrânia enfrentou mais uma noite de bombardeios aéreos em todo o país, inclusive na capital Kiev, antes do que poderia ser o inverno mais difícil do país até agora.
Ataques noturnos
A mídia ucraniana informou que as autoridades da região de Donetsk estavam se preparando para anunciar evacuações obrigatórias de mais sete aldeias na região que o Kremlin alegou em 2022 fazer parte da Rússia.
O ataque noturno de Moscou com drones à Ucrânia danificou edifícios na cidade de Odesa, no sul do Mar Negro, onde jornalistas da AFP viram moradores inspecionando carros e edifícios residenciais destruídos ao amanhecer.
E pelo menos três pessoas foram mortas nos ataques aéreos durante a noite e até quinta-feira – uma nas regiões de Kherson, Sumy e Zaporizhzhia, segundo autoridades locais.
A Força Aérea disse ter abatido 74 drones implantados na Rússia em 11 regiões diferentes, de um total de 106 drones lançados por Moscou na Ucrânia.
(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)